Apostila Radiologia

A Especialidade em Contínua Evolução



Este blog foi criado para oferecer informações básicas sobre Radiologia para professores e alunos de uma maneira simples e concisa. Utilize o menu de opções abaixo e conheça um pouco mais desta especialidade em contínua evolução.



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Efeitos Biológicos

Thomas Alva Edison, que além de profícuo inventor (foi o criador da lâmpada elétrica) era também empresário, desenvolveu o fluoroscópio, o aparelho que permite obter imagens de raios X sobre uma tela fluorescente, ao invés de uma chapa fotográfica. Em 25 de março de 1896, Edison obteria a licença para a produção comercial do aparelho e pouco tempo depois um "Thomas A. Edison X-ray kit" estava a venda no mercado. Em maio do mesmo ano ele exibiu o aparelho em uma exposição promovida pela "Electric Light Association" em Nova Iorque e posteriormente no resto do país; durante a exibição o público podia expor partes de seus corpos a radiação, e vê-los projetados na tela fluorescente. Nestes primeiros dias não eram conhecidos os danos que a exposição aos raios X, sem controle, poderia trazer para a saúde. Logo porém, se descobriria que a nova radiação não deveria ser tratada como algo inofensivo.
Os raios X passaram a ser utilizadas não apenas com finalidades de diagnóstico, uma prática que viria a se tornar corriqueira em medicina e odontologia, mas também de terapia. Sessões de raios X eram recomendadas para cancerosos, tuberculosos e pacientes com inflamações dolorosas. Em alguns casos, a prescrição parecia funcionar, ainda que ninguém soubesse como; em outras situações o "remédio" teve efeitos piores que a doença.
Em dezembro de 1896 o médico vienense Leopold Freund, pioneiro no uso sistemático de raios X para tratamentos, submeteu sua primeira paciente, uma menina de 5 anos, a duas horas diárias de exposição durante 16 dias, para a remoção de uma verruga com pelos de suas costas. Após 12 dias os pelos começaram a cair e toda a região ficou intensamente inflamada, levando um longo tempo para voltar ao normal. Após esta experiência o médico passou a limitar suas sessões a 10 minutos de exposição, comentando secamente que "o acidente estava pleno de ensinamentos".
Um dos primeiros casos registrados de danos físicos causados por raios X ocorreu com Clarence Dally, que era assistente de Edison. O inventor dedicava-se ao desenvolvimento de uma lâmpada que funcionaria por meio da produção de raios X dentro de um tubo de vidro recoberto por material luminiscente, que passaria a brilhar quando atingido pela radiação. Clarence Dally, que fazia parte de um grupo de sopradores de vidro, já havia auxiliado na produção do fluoroscópio e trabalhava no novo projeto. Segundo Edison:
"Eu comecei a fazer um número destas lâmpadas mas logo percebi que os raios X afetaram venenosamente o meu assistente, Mr. Dally, de tal forma que seu cabelo caiu e sua carne começou a ulcerar. Conclui então que não daria certo, e que este tipo de luz não seria muito popular, de modo que parei."
Apesar disso Dally continuou a trabalhar com raios X até 1898. As ulcerações transformaram-se em câncer, e ele veio a falecer em 1904 com 39 anos de idade, tendo antes submetido-se a várias cirurgias, incluindo amputações dos membros superiores.
Nos primórdios de sua utilização, os efeitos nocivos que são naturais às radiações ionizantes, foram multiplicados pela precariedade dos aparelhos, pela falta de proteção adequada e pelo total desconhecimento das doses que estavam sendo ministradas e dos seus efeitos. Uma coisa era conhecer a tecnologia da confecção de tubos de vácuo para a produção e investigação de raios X em laboratórios de pesquisas físicas, atividade que já apresenta riscos, outra era a sua utilização desta tecnologia para a exposição deliberada de seres humanos à radiação. Além dos pacientes, radiologistas e fabricantes de aparelhos, também sofriam exposições exageradas e danosas.
Ao final de 1896, 23 casos de danos severos causados por raios X haviam sido registrados em revistas científicas. Mesmo assim, o entusiasmo pela nova tecnologia fez com que muitos atribuissem os danos a outras causas (eletricidade, ozônio, equipamento defeituoso) que não aos próprios raios X. Um físico americano, Elihu Thompson, propôs-se a investigar o assunto, tomando a sí mesmo como cobaia. Tendo colocado a extremidade do dedo mindinho esquerdo a uma distância de aproximadamente 4 cm de um tubo de raios X por meia hora, não observou efeitos imediatos. Uma semana mais tarde, entretanto, o dedo tornou-se avermelhado, extremeamente sensível, inchado, rígido e dolorido, tendo Thompson concluído que "Evidentemente existe um ponto além do qual a exposição não pode continuar sem causar sérios problemas". Passadas mais algumas semanas, em carta a um colega, ele descreve um agravamento em sua condição:
"Eu não proponho repetir o experimento...toda a epiderme se desprendeu da parte posterior e das laterais do dedo, enquanto o tecido, mesmo debaixo da unha, encontra-se embranquecido e provavelmente morto, pronto para cair...O ferimento é muito peculiar e eu nunca vi algo parecido. Ele continuou a se desenvolver e espalhar sobre a superfície exposta por três semanas e não tenho certeza de que a doença atingiu seu limite."
A ampla divulgação do experimento de Thompson levou muitos radiologistas a se preocuparem de forma mais efetiva com a proteção, tanto de si próprios como de seus pacientes, e as primeiras medidas neste sentido passaram a ser tomadas, tais como a utilização de escudos de chumbo e o uso de filtros e diagramas para limitar a intensidade e a área atingida pelo feixe.
Conhecido o início da aplicação dos raios X na medicina, apresentamos agora duas das questões que mais preocupam, hoje, as pessoas em relação ao emprego dos raios X no tratamento de sua saúde, para, a partir delas discutirmos os riscos e benefícios desse tratamento.
Se uma mulher for submetida a um tratamento com irradiação sem saber que estava grávida, este fato poderá trazer algum comprometimento para o filho que ela está esperando?
A avaliação dos efeitos das radiações sobre um sistema vivo deve ser conduzida com muito cuidado, uma vez que diversos fatores devem ser considerados e a complexidade do organismo irradiado, notadamente do Homem, dificulta, em muitas ocasiões uma relação direta entre causa e efeito.
Quando um ser vivo é submetido a doses de radiação poderão surgir conseqüências indesejáveis que podem ser classificadas de modos variados: (i) somático ou genético, se houve ou não comprometimento do patrimônio genético do indivíduo; (ii) imediato ou tardio, se aparecerem logo após a irradiação ou mais demoradamente, sendo considerado o período de 60 dias para a manifestação dos sinais e sintomas, como o tempo para diferenciá-los ou (iii) localizado ou de corpo inteiro, em decorrência da extensão do corpo comprometida.
A avaliação da relação entre um determinado efeito com a dose de radiação para o ser humano é muito difícil de ser feita. Obviamente não podemos submeter o Homem a um experimento para estudar os efeitos das radiações. Por este motivo, o que sabemos é decorrente do estudo exaustivo de grupos humanos que foram expostos a doses relativamente elevadas de radiação e também de extrapolações de resultados experimentais realizados com animais de laboratório. É evidente que várias "coincidências" históricas também têm sido consideradas, como o fato do aparecimento de radiodermite nas mãos de um técnico que operava ampolas de produção de raios X e em outro que testava o funcionamento destas ampolas expondo suas próprias mãos.
Em 1902 foi observado o primeiro caso de câncer radioinduzido na pele de um fabricante de tubos de raios X. Nos anos seguintes muitas descrições semelhantes foram relatadas na literatura médica, de modo que, em 1922, cerca de 100 médicos radiologistas eram considerados falecidos em conseqüência de ficarem expostos a elevadas de doses de radiação.
De uma maneira específica, quando consideramos o possível efeito de uma irradiação de um indivíduo, ainda no útero materno, os efeitos somáticos devem ser considerados devido a potencialidade teratogênica das radiações. No desenvolvimento do Homem, assim como dos outros mamíferos, o organismo forma-se a partir da fecundação do óvulo pelo espermatozóide que acarreta a formação de uma célula - ovo que, após sofrer clivagem, fixa-se à parede uterina, o que constitui a fase de implantação ou nidação. Depois do aparecimento da placenta, ocorre intensa divisão celular, diferenciação e organogênese, etapas que caracterizam o período embrionário, cujo término marca o início do período fetal, que se estende até o nascimento.
As informações obtidas a partir das observações dos efeitos da radiação nos diversos grupos de humanos que têm sido expostos, assim como da extrapolação de resultados experimentais com animais tem permitido sugerir que irradiações realizadas (i) antes da fase de implantação ou nidação acarretam, em geral, morte pré-natal; (ii) no período de organogênese tem grandes probabilidades de gerar malformações, cujas características são bastante variáveis, mas guardam, em geral, algum tipo de correlação com o órgão que esteja sendo formado no momento da irradiação, assim em camundongos, por exemplo, a exposição no nono dia após a fecundação (no Homem, aproximadamente vigésimo quinto dia) costuma produzir defeitos nas orelhas ou no nariz, enquanto as realizadas no décimo primeiro dia (no Homem, aproximadamente trigésimo segundo dia) conduzem, preferencialmente à microcefalia; (iii) também no período de organogênese têm importantes probabilidades de provocar o aparecimento de natimortos, uma vez que diversas mal- formações são incompatíveis com a viabilidade do concepto e (iv) no período fetal, praticamente não mais provoca malformações ou morte, embora possa ter outras conseqüências, tais como redução de peso e retardo mental. Na espécie humana, algumas informações sobre a incidência de malformações radioinduzidas foram obtidas mediante o estudo de mulheres grávidas submetidas à TERAPÊUTICA ANTINEOPLÁSTICA ou a procedimentos de diagnósticos com radiações, assim como pela análise de sobreviventes de Hiroshima e Nagasaki. Nestes casos, a incidência de microcefalia e de retardamento mental foi significativamente elevada.
Um homem poderá ficar impotente devido a ter sido submetido a um tratamento com grandes doses de radiação?
Embora as alterações estruturais e funcionais dos tecidos irradiados variem acentuadamente com a sua natureza, alguns aspectos gerais podem ser apontados, tais como a inibição de mitoses e o aparecimento de aberrações cromossômicas. Processos hemorrágicos e edemaciação, relativamente freqüentes, traduzem modificações no sistema vascular ou na permeabilidade, enquanto a remoção dos restos celulares é explicada pela intensa fagocitose local.
Efeitos localizados podem ocorrer quando somente um determinado segmento anatômico é exposto às radiações, como em certos tipos de acidentes ou em pacientes submetidos à radioterapia. No caso da irradiação de corpo inteiro, podem ser observados, nos diferentes órgãos e aparelhos, efeitos semelhantes.
Os efeitos localizados podem ser (i) na pele, como eritema, epilação (alopecia), flictemas, necrose do epitélio, acompanhada ou não de ulceração; (ii) no aparelho cardiovascular, como pericardite fibrosa, fibrose difusa do miocárdio, aumento da permeabilidade vascular e desenvolvimento de processos trombóticos; (iii) nos pulmões produz edemaciação intersticial e intra-alveolar, com posterior hialinização e fibrose, que podem acarretar diminuição da capacidade ventilatória; (iv) no aparelho gastrintestinal, além das lesões nas VILOSIDADES intestinais, são freqüentes danos nos epitélios da boca e nas partes superiores do tubo digestivo com eventuais ulcerações e estenoses; (v) no rim, que é relativamente radiossensível, leva ao desenvolvimento de nefroesclerose; (vi) na bexiga surgem ulcerações e eventuais infecções por causa de lesões na mucosa de revestimento; (vii) no sistema nervoso central, o aparecimento de lesões das células gliais e alterações da permeabilidade e da circulação somente aparecem após doses elevadas de radiação, apesar de que doses menores provocam alterações funcionais observáveis no eletroencefalograma e (viii) no globo ocular, opacificação do cristalino, ou seja a formação de cataratas podem aparecer alguns meses ou até vários anos após a exposição.
As gônadas, em particular, são bastante radiossensíveis e, assim, a esterilidade temporária ou definitiva pode ser provocada pela radiação. Nos testículos, as espermatogônias são mais sensíveis do que os espermatócitos e as espermátides. Entretanto, a impotência não tem sido relacionada como um efeito da radiação.



Considerações Financeiras e Horizontes na Radiologia


O custo do equipamento radiológico é alto, de modo que os preços dos aparelhos modernos freqüentemente extrapolam o orçamento da maioria dos hospitais. A título de informação, o preço de um tomógrafo oscila entre 600.000 e 1.500.000 dólares e o preço de um aparelho de ressonância varia entre 850.000 e 2.250.000 dólares.
A tabela a seguir estima o custo médio (nos EUA) de alguns procedimentos.

Tabela 1 - Custos comuns de alguns procedimentos imagenológicos
freqüentemente utilizados


No entanto, os procedimentos de imageamento podem significar hospitalizações mais curtas e em menor número, além de reduzir substancialmente a quantidade de cirurgias exploratórias. Além disso, quando o procedimento cirúrgico é inevitável, a imagem auxilia fornecendo um diagnóstico pré-operatório preciso, encurtando a duração e o número de complicações da cirurgia. A imagem em nível ambulatorial auxilia aumentando a capacidade diagnóstica de centros ambulatoriais, reduzindo o número de internações. Mais, o procedimento radiológico intervencionista é menos invasivo que o procedimento cirúrgico, o que reduz o número de complicações e o tempo de internação.
Com estes dados, podemos concluir que, apesar do alto preço dos métodos diagnósticos por imagem, a redução substancial de leitos hospitalares e do tempo de internação obtidos com a imagem reverte em uma enorme economia financeira para os hospitais.
O contínuo avanço no desenvolvimento de técnicas de diagnóstico por imagem deve levar a uma redução gradual dos custos da imagenologia, combinada a uma maior versatilidade destes métodos. Não é utopia ou futurismo prever que, em um tempo bem próximo ao nosso, teremos departamentos de radiologia totalmente computadorizados e integrados ao hospital, de modo que as imagens, bem como os laudos, estarão disponíveis nos monitores das enfermarias, junto aos dados clínicos e laboratoriais dos pacientes. Certamente estes sistemas serão caros, mas serão também atrativos na relação custo-benefício, economizando pessoal, comunicação e tempo de internação do paciente no hospital.


Sub-especialidades


A maioria dos Departamentos de Radiologia dividem-se em sub-especialidades, seguindo os seguintes critérios:

- Método de produção da imagem diagnóstica:

Setor de Radiologia Geral (ou Convencional)
Setor de Ultra-sonografia
Setor de Tomografia Computadorizada
Setor de Angiografia
Setor de Ressonância Magnética
Setor de Medicina Nuclear

- Divisão por Sistemas do Corpo Humano ou Especialidade Clínica

Neuro-radiologia
Radiologia do Torax
Radiologia Pediátrica
Radiologia Músculo-esquelética
Radiologia Abdominal
Radiologia Gênito-urinária
Radiologia Ginecológica-obstétrica (incluindo Mamografia)
Radiologia Intervencionista e Vascular
Radiologia de Cabeça e Pescoço



Radiologia Intervencionista


Durante décadas a radiologia foi uma especialidade médica voltada exclusivamente para o diagnóstico. Hoje a imagem tem sido utilizada em diversas áreas com fins terapêuticos, sendo esta nova área conhecida por radiologia intervencionista (RI). A RI encontra seu maior valor entre patologias vasculares, biliares, hepáticas e urológicas, embora a evolução das técnicas provavelmente venha a ampliar o número de áreas que possam ter doenças tratáveis com este procedimento pouco invasivo.
A angioplastia intra-luminal talvez seja a maior aplicação vascular da RI, permitindo que alguns pacientes evitem um ato cirúrgico mais invasivo. Durante uma angiografia pode-se dilatar uma estenose ateromatosa através de uma sonda com balão. Posiciona-se a sonda e, com auxílio de contraste, o balão é inflado, remodelando a parede do vaso. Esta técnica pode ser aplicada nas estenoses de artérias ilíacas, femorais, coronárias, renais e carótidas.
Novas técnicas de intervenção vascular tem sido desenvolvidas, como a recanalização de uma obstrução arterial por laser ou cateter forant e a colocação de endoprótese vascular definitiva.
Em tumores hipervascularizados pode ser de grande valor interromper o aporte sanguíneo através de embolizações dos pedículos nutrícios destes tumores. Pacientes jovens com hemoptise de repetição podem ter anomalias diagnosticadas por angiografia brônquica e, em alguns casos, pode estar indicada uma embolização terapêutica. Este procedimento pode ser útil também na hipertensão portal, através de embolizações de varizes esofágicas por via trans-hepática.


Fig. 1 - Sequência de embolização da artéria renal



A radioscopia televisionada permite a introdução de trombolíticos in situ para destruir um trombo, assim como de quimioterápicos, o que proporciona níveis elevados na vasculatura do próprio tumor.
Colocação percutânea de filtros ou de endoprótese na veia cava inferior, escleroterapia de varizes e angioplastias são alguns dos procedimentos da RI que podem ser realizados em nível de sistema venoso.
A punção percutânea trans-hepática guiada por radioscopia televisionada pode permitir a introdução de um dreno em ductos biliares dilatados. Em alguns casos, até mesmo uma endoprótese biliar definitiva pode ser colocada por esta via. Se a obstrução é devida a um tumor pancreático ou biliar, o procedimento é paliativo, mas pode melhorar a qualidade de vida do paciente.
Punções aspirativas guiadas por ecografia, radioscopia ou tomografia e drenagens de abscessos por ultra-som são apenas mais alguns dos procedimentos que a RI está apta a realizar, deixando a nítida impressão que esta nova área da radiologia está ainda nos seus primeiros passos, tendo muito a oferecer para o progresso da medicina.





Ressonância Magnética Nuclear


A ressonância magnética nuclear (RMN) é uma modalidade de imageamento que utiliza prótons de hidrogênio, sendo que a intensidade do sinal indica quanto de hidrogênio é modificado pelos parâmetros de relaxamento dos tecidos (T1 e T2), formando a imagem.
O parâmetro T1 é conhecido também como spin lattice e depende da interação de outros núcleos com o hidrogênio. T2 depende da influência dos prótons uns sobre os outros e é conhecido também por spin-spin. Outros parâmetros como difusão, suscetibilidade magnética e desvio químico também afetam as características da imagem obtida pela RMN.
Há numerosas técnicas de RMN, de modo que é possível individualizá-las de acordo com o problema a ser investigado. A RMN oferece um poder de resolução soberbo, o que deve-se à resolução do contraste, muito superior ao usado na TC.
A RMN constitui um excelente método de estudo do cérebro, medula espinhal, ossos esponjosos, pelve masculina ou feminina e grandes articulações.


Fig. 1 - Aparelho de ressonância magnética nuclear


Tomografia Computadorizada


A tomografia computadorizada (TC) tornou-se um elemento diagnóstico indispensável em um hospital moderno, sendo que muitos centros ambulatoriais dos EUA, Canadá, Europa e Japão já contam com seus recursos.
A imagem da TC tem se tornado cada vez melhor. A velocidade de varredura (scanning) já chega a 1s em tomógrafos convencionais e a até 20ms em alguns tomógrafos ultra-rápidos.
A TC é um exame no plano axial, mas que permite a reprodução de imagens em qualquer plano. Tomógrafos mais novos, como os de napiol, permitem que sejam realizados cortes sem intervalos, o que possibilita a criação de imagens tridimensionais.
Neste exame, um feixe de raios X do calibre de um lápis gira ao redor do paciente imageando uma "fatia" do mesmo. São formados pequenos blocos de tecidos (voxels), cada um com um determinado valor de absorção conforme as características do tecido imageado. Estas imagens são reconstruídas em um plano bidimensional (pixels) na tela do computador.


Fig. 1 - Esquema de como são emitidos os feixes de RX na TC


Cada pixel é representado por um brilho, ou escala de cinza, correspondente que indica o coeficiente de atenuação linear média do tecido em questão. O coeficiente de atenuação linear média é baseado nos coeficientes da água, do ar e dos ossos, como está disposto na tabela abaixo.


 
Tab. 1 - nº CT de alguns elementos identifcados na TC
Utiliza-se a água como referência por que seu número CT é similar ao dos tecidos moles e também por ser de fácil obtenção para calibrar os aparelhos.
Por convenção, altos valores de CT são imageados como branco e baixos como preto. Como é impossível ao olho humano distinguir os milhares de coeficientes, utilizamos a técnica de janelas (windowing) para visualizar os valores dentro de determinada faixa. Um exemplo é a janela de mediastino na TC de tórax, na qual usa-se um CT de 500, variando entre -211 e + 289 com intervalos de 39. Os pulmões ficam bastante escuros nesta janela, uma vez que seu CT é muito menor. Para observar os pulmões é necessário mudar o CT em uma janela para que os pulmões sejam mais bem visualizados.

Fig. 1 - Diferentes nº CT avaliando uma mesma janela
 

A TC ainda é um bom método diagnóstico para o exame do cérebro e da medula espinhal, sendo que ainda é o procedimento de escolha para o exame do tórax e do mediastino, bem como do abdome superior e da cavidade peritoneal. É muito útil na demonstração de tumores, abscessos, ruptura de órgãos e acúmulo de líquidos com alta precisão. Também é o melhor procedimento para guiar agulhas de biópsia e para introdução de tubos de drenagem para abscessos.



Ultra-sonografia


A ultra-sonografia diagnóstica utiliza dispositivos que emitem feixes sonoros e registram os ecos refletidos pela incidência destes feixes em diferentes interfaces.
Em um meio homogêneo, o ultra-som se propaga em linha reta, sendo que a velocidade de propagação depende da densidade deste meio. Em um meio heterogêneo, as ondas sonoras são refletidas a cada densidade diferente, retornando ecos para o transdutor.
O emissor de US (transdutor) é constituído por uma cerâmica piezo-elétrica que responde a estímulos elétricos com a emissão de um US curto que se propaga nos tecidos e é refletido nas diversas interfaces. O mesmo emissor registra o eco de retorno, de modo que é também um receptor. Apenas os ecos provenientes de interfaces perpendiculares às ondas sonoras são recebidos. Entre a emissão do US e a recepção do seu eco correspondente há um intervalo de tempo que aumenta com a distância entre o transdutor e a interface refletora, assim sendo, é possível estabelecer a profundidade desta interface de acordo com este intervalo.

 
Fig. 1 Esquema ilustrativo de um transdutor

 

Os ecos se propagam facilmente nas estruturas de densidade hídrica, ao contrário do que ocorre com estruturas ósseas ou gasosas, quando a variação de impedância acústica entre água e osso ou água e ar é tamanha que há total reflexão das ondas sonoras, o que torna o estudo ultra-sonográfico de áreas com estas características (cérebro, pulmões) muito pobre. É esta diferença de impedância acústica que obriga o contato entre o transdutor e a pele do paciente.
Existem diferentes técnicas de ultra-sonografia, valendo ser lembradas aqui a ecografia B, o eco-doppler colorido e a ecografia tridimensional. A ecografia B (brilho) é realizada com transdutor manual, registrando os ecos recebidos na forma de variados graus de brilho superpostos, com fundo escuro por consenso, sendo possível inverter este padrão de imagem. O eco-doppler colorido é bastante útil no estudo vascular, constituindo um método não-invasivo que permite avaliação da parede vascular, do fluxo e do débito. Por convenção, o fluxo que se aproxima do transdutor é vermelho e o que se afasta é azul. A ecografia tridimensional promete ser o grande método ultra-sonográfico no futuro, estando ainda muito incipiente.

Fig. 2 - Doppler colorido mostrando bifurcação da artéria carótida comum em carótidas externa e interna

Sobre a formação da imagem ecográfica, é mandatório lembrar que esta depende da frequência do transdutor e da amplificação. Estruturas de conteúdo líquido como a vesícula biliar ou cistos tem textura homogênea, não formando ecos (anecóicas). O feixe sonoro não é atenuado, o que leva à formação de um reforço sonoro na área posterior a esta estrutura. Tumores sólidos que apresentam densidade maior que o parênquima adjacente formam imagens bastante ecogênicas, com discreta atenuação do feixe na sua periferia. Órgãos sólidos como fígado e baço tem ecotextura homogênea, formando sua imagem pela distribuição regular de pequenos ecos. Já estruturas bastante densas, como por exemplo cálculos, causam reflexão total dos feixes sonoros, originando uma imagem bastante nítida seguida por uma sombra anecóica.
A área da medicina na qual a ultra-sonografia é mais amplamente utilizada é, sem dúvida, a ginecologia e obstetrícia, sendo que o estudo ultra-sonográfico é o exame de eleição para avaliação da pelve feminina.


Fig. 3 - Face de um feto por ecografia tridimensional
 

A ultra-sonografia é um método que apresenta vantagens e desvantagens, algumas das quais são apresentadas abaixo:
Vantagens:
  • relativamente barata;
  • rápida;
  • produz imagens em tempo real;
  • velocidade ideal para dirigir certos procedimentos intervencionistas;
  • isenta de riscos (faixa terapêutica).
Desvantagens:
  • depende muito da habilidade do operador do aparelho;
  • resolução espacial muito abaixo daquela obtida com TC ou RMN;
  • não se dispõe, até o momento, de bons contrastes.
Nos últimos anos, os procedimentos ultra-sonográficos intracavitários se tornaram muito solicitados. Exemplos destes procedimentos são o ultra-som transretal, excelente para avaliação e biópsia de próstata e reto, o ultra-som transvaginal, excelente no estadiamento das doenças malignas da pelve feminina e o ultra-som transesofágico, usado na avaliação das neoplasias de esôfago e estômago.





 

Radiografia Convencional


O termo radiografia convencional não é preciso hoje em dia, pois apesar dos tubos de RX pouco terem mudado desde o início da década de 1970, os geradores, os controles, as câmeras e todo o aparato que cerca este método diagnóstico apresentaram enorme evolução.
Até mesmo o espaço físico, antes muito grande, passou por mudanças, tornando-se cada vez menor e dinâmico, apto a realizar vários exames diferentes em um mesmo ambiente e com grande agilidade. Toda esta evolução reverte-se em economia de espaço, tempo e pessoas.
Esta evolução tornou a radiografia um método muito mais confiável e funcional do que era antes e, sua grande vantagem, permanece sendo o mais barato método diagnóstico por imagem (cerca de 135 dólares uma radiografia de tórax PA e perfil).

Definição e Histórico


A Radiologia corresponde à área da medicina que utiliza raios-x, isótopos radioativos e radiações ionizantes para a realização de diagnóstico, prevenção e tratamento de doenças.

Os raios-x foram descobertos pelo físico alemão Wilhelm Konrad Roentgen (1845-1923) em 8 de novembro de 1895, sendo que esta descoberta lhe valeu o Prêmio Nobel de Física em 1901. O impacto de seu trabalho foi tão grande à época que após 12 meses da publicação de seu trabalho na revista Nature (1896) surgiram mais de 1000 trabalhos discorrendo sobre os raios-X.
O primeiro raio X do corpo humano foi obtido por Roentgen, uma radiografia da mão de sua esposa, Anna Bertha Ludwig (Fig. 2). O cientista alemão (Fig. 1) estava dando início ao desenvolvimento de um fantástico método diagnóstico não invasivo que se mantém como fundamental até os dias de hoje.

 
Fig.1 Wilhem Konrad Roentgen



Fig. 2 Radiologia da mão da esposa de Roentgen


O nascimento do imageamento nuclear deve-se à descoberta da radioatividade natural, realizada pelo francês Antoine Henri Becquerel e à descoberta do polônio pelo francês Pierre Curie e por sua esposa Marja Sklodowska Curie, polonesa naturalizada francesa, mais conhecida como Marie Curie, no ano de 1898. As descobertas de Becquerel e do casal Curie (Fig. 3) valeram o Prêmio Nobel de Física em 1903. No entanto, o uso de isótopos radioativos para obtenção de imagens médicas (medicina nuclear) data de 1947, quando G. E. Moore publicou na revista Science o uso de Iodo 131 na demonstração de tumores cerebrais.


Fig. 3 Casal Curie
 


O ultra-som é um método diagnóstico que só foi utilizado na medicina em 1942, pelo austríaco Dussik, sendo que seu primeiro uso foi como sonar na segunda guerra mundial. Como Dussik não conseguiu bons resultados, o método permaneceu relativamente abandonado até 1957, quando Howry, considerado o pai da ultra-sonografia diagnóstica, foi condecorado pela Sociedade Americana de Radiologia. Howry utilizava um tanque onde o paciente era mantido imóvel por pesos de chumbo e o transdutor rodava 360 graus fornecendo a imagem. Na área de ginecologia e obstetrícia, na qual o ultra-som é mais amplamente utilizado, o pioneiro foi Thompson (1966).


Fig. 4 Aspécto da imagem ultra-sonográfica
 

O primeiro tomógrafo computadorizado foi construído por Godfrey N. Hounsfield, feito que lhe conferiu, junto com Allan McLeod Comarck, sul-africano naturalizado americano, o Prêmio Nobel de Fisiologia e Medicina em 1979. Comarck desenvolveu, em 1956, a teoria que múltiplos raios projetados sobre o corpo em vários ângulos mas em um mesmo plano forneceriam imagem melhor que um raio único, como ocorre na radiografia convencional. Comarck publicou sua teoria em um jornal de física aplicada, de modo que era lido por físicos e não por médicos. Hounsfield desenvolveu seu trabalho paralelamente e construiu o tomógrafo.

 
Fig. 5 Tomógrafo computadorizado




O suíço naturalizado americano Felix Bloch e o americano Edward Mills Purcell descobriram em 1945, em estudos independentes, o momento nuclear magnético. Esta descoberta conferiu aos cientistas o Prêmio Nobel de Física de 1952. Em 1991 o também suíço Richard Ernst recebeu o Prêmio Nobel de Química por seu trabalho em 1966, no qual estudava a modulação de sinais de rádio no sinal da ressonância magnética nuclear (RMN). Foi o seu trabalho que permitiu que, em 1973, Damadian e Lauterbur conseguissem as primeiras imagens por RMN da história.

 
Fig. 6 Aparelho de RMN


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